Geração Z

Como aprendem e o que esperam da educação?

A chamada Geração Z, composta por aqueles que nasceram entre 1995 e 2010, espera muito do mundo e da educação. Na verdade, as expectativas nutridas pelo grupo diferem muito das alimentadas por gerações anteriores. Estudo realizado pelo Institute for Gerenational Research and Education (Instituto para Pesquisa Geracional e Educação, em tradução livre), em parceria com a Unisinos do Brasil, avaliou as percepções e perspectivas que caracteriza o grupo em relação ao futuro e aos processos educacionais. O resultado pode redirecionar e revisar muitas das práticas realizadas atualmente no universo escolar. Seja no processo geral da Educação, ou nas ações particulares em sala de aula.

Como preferem estudar? Como se relacionam em grupo? Quais as formas preferidas de comunicação destes jovens? Como se entendem enquanto indivíduos? Essas foram algumas das perguntas que a pesquisa procurou responder. Uma coisa é clara, a necessidade de propor atividades que agreguem senso de pertencimento e engajamento se torna essencial à escola. Confira algumas das descobertas sobre a Geração Z e possibilidades de transformar a educação nesta direção.

1. Coletividade

Uma importante percepção, trazida à luz pelas respostas de jovens estudantes brasileiros, está no fato de que se focam mais no coletivo e aspectos de lealdade são considerados grandes virtudes. Valorizam ambientes onde a reflexão é trabalhada, há mente aberta e curiosidade. O que isto revela é que a Geração Z se entende dentro de uma forte perspectiva de interação. Como motivadores, recompensas tangíveis, notas de avaliação ou mesmo dinheiro sequer entram no ranking de elementos principais. Antes, o que importa para o grupo é a oportunidade de avançar, ver de forma tangível os resultados do trabalho, aprender e se especializar em assuntos pouco explorados, bem como defender aquilo que acreditam. Investir em atividades que pensem educação e coletividade em construção conjunta é a melhor forma de alcançar os estudantes desta geração.

2. Trabalho e futuro

Outra coisa interessante que a pesquisa reforça é a compreensão que estes jovens têm da importância das Soft Skills na contemporaneidade. Estas habilidades se relacionam com a inteligência emocional e competências comportamentais. Ainda que entendam o valor da formação técnica, estão preocupados em potencializar, também, os aspectos socioemocionais relacionados ao trabalho e ao futuro. A Geração Z deseja encontrar caminhos que permitam o desenvolvimento integral da vida, bem como auxiliem na construção de autonomia para gerenciar a própria jornada. Neste sentido, esperam das instituições de ensino espaços em que atividades de formação permitam engajamento, ofereçam oportunidades de potencialização de suas características e contribuam para que, no futuro, possam causar impacto positivo na sociedade. Preferem, também, majoritariamente, atividades realizadas em grupo, de forma que possam construir em conjunto soluções para problemas.

3. Rede de influências

Mesmo vivendo em tempos de mídias sociais e do fenômeno dos “influencers”, a pesquisa demonstrou que a Geração Z prefere a comunicação presencial e valoriza, acima de tudo, o aconselhamento familiar e docente. Na hora de tomar importantes decisões, a opinião considerada de mais peso é a dos pais, seguida da de professores e, então, dos amigos. A centralidade da figura do professor nesta questão reforça a necessidade de o universo educacional potencializar a formação docente. Mais que preocupar-se em mudanças relacionadas, estritamente, aos mecanismos e processos do conteúdo, é importante entender que o professor precisa modificar a própria percepção de sua função escolar. Neste caso, ele se transforma em um curador, mediador, conector. Aulas, repletas de tecnologia ou não, devem voltar-se para elementos que trabalhem engajamento, interação, co-construção. Na escuta ativa e na aproximação do cotidiano do aluno, o docente fornece o senso de pertencimento tão desejado pelo grupo e promove um verdadeiro avanço no ensino. Importa lembrar, também, que o professor, em sala de aula, é também um aprendiz e deve colocar-se sem medo neste lugar.

Para além dos aspectos mencionados, esta geração se mostra sensível a questões como ansiedade, depressão e a ação do tempo. Alguns sofrem com déficit de atenção, hiperatividade e até mesmo apatia. Portanto, é premente que professores e gestores criem espaço para discutir e trabalhar estes fatores, adaptando a linguagem e ampliando o espectro de compreensão das possibilidades de ensino-aprendizagem. Acolher e fornecer pertencimento é atividade essencial à escola do futuro. Desta forma, tanto Geração Z, quanto os professores entendem seu lugar e importância no intercâmbio da educação.

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