O hábito da leitura, nestes casos, é primordial para o desenvolvimento. Aprenda a selecionar bons livros.
O Transtorno do Espectro Autista afeta o desenvolvimento das habilidades de comunicação e socialização. A Organização Mundial de Saúde estima que no mundo há cerca de 70 milhões de pessoas com essa síndrome e, no Brasil, o número chega a 2 milhões. Na literatura médica, o diagnóstico do autismo pode ser dividido em 3 níveis: leve, moderado e grave. Cada um destes diz respeito ao grau de comprometimento das habilidades citadas. Entendemos assim, que cada autista tem uma forma muito particular de estar no mundo.
Alguns podem apresentar atrasos no desenvolvimento mental, enquanto outros, uma pequena parcela deles (cerca de 10%, apenas), podem ser considerados superdotados em alguma área de conhecimento. Enquanto uns aprendem com mais facilidade a se comunicar e estar com outras pessoas, outros precisam do estímulo constante dos pais e de uma equipe multidisciplinar de profissionais para evoluir. A ausência de comunicação verbal, por sua vez, afeta crianças e adultos que convivem com o grau mais grave da síndrome.
Tais complexidades e particularidades acabam gerando angústia e ansiedade em pais e professores diante da responsabilidade de conduzir e auxiliar o desenvolvimento de crianças com autismo. Muitas vezes, esses sentimentos são fruto da falta de conhecimento desse universo. Diante do diagnóstico, a principal preocupação é o cuidado dessas crianças e a garantia que elas possam desenvolver o seu potencial.
A leitura pode ser uma excelente ferramenta nesse processo. O hábito de ler em voz alta para eles auxilia na alfabetização e fortalece a conexão entre o adulto e a criança, fator importantíssimo para estimular o desenvolvimento das capacidades de socialização. Os outros benefícios trazidos pela leitura são os mesmos para qualquer criança. Se você quiser saber mais sobre esse tema, é só clicar aqui.
Posso ler qualquer livro para uma criança com autismo? A resposta é: até pode, mas não deve. Há algumas dicas que são preciosas no momento da escolha de quais materiais usar para que a hora da leitura seja prazerosa e bem aproveitada. Abaixo, listamos 3 dicas que podem servir de orientação no momento da escolha dos livros a serem trabalhados com essas crianças:
- Conheça o seu filho ou aluno: Tome o seu tempo para descobrir quem é a criança com quem você convive. Observe as coisas das quais ela gosta muito e as que não gosta de jeito nenhum. É um processo que envolve tempo e paciência, mas é muito importante.
- Invista em livros com pouco texto e muitas imagens: Uma vez que você descobriu os gostos da criança, é hora de escolher os livros. Lembre-se de optar por histórias curtas, interessantes e bem ilustradas. Atente-se também para a ausência de figuras de linguagem como a metáfora. Crianças com autismo são muito concretas e têm dificuldades em compreender comparações e o abstrato. A presença desses elementos no material pode gerar estresse para eles e a leitura pode deixar de ser uma atividade desejada.
- Por que não fazer um livro especial? Algumas crianças com autismo têm o chamado hiper foco, ou seja, eles gostam demais de algum assunto. Se esse for o caso, desenvolver um livro sobre esse assunto para a criança, pode envolvê-lo ainda mais com o universo da leitura e das letras. Selecione imagens, reúna informações, conte uma história. Use esse material, enquanto perceber que o interesse da criança permanece. Esteja preparado para mudar de tema sempre que o foco não for mais o mesmo.
Essas dicas exigem tempo, criatividade e amor. Características determinantes para que uma criança autista seja bem estimulada e consiga, com suas diferenças, trazer um pouquinho do seu mundo para o nosso. Que tal fazer uma tentativa?