As noções de administração do dinheiro precisam ser ensinadas em sala de aula
O apóstolo Paulo escreveu que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (I Timóteo 6:10). A essa alegação poderíamos acrescentar que a má administração dos recursos financeiros pode ser igualmente prejudicial. Converse com alguém que passou noites inteiras sem dormir, por não saber como pagar as contas ou com alguém que está escravo dos juros do cartão de crédito e comprovará as dificuldades e prejuízos por não cuidar adequadamente da parte financeira.
O índice de endividamento no nosso país é alto. Conforme dados publicados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de dezembro de 2020, pela Agência Brasil, apontam que 66,3% das pessoas estão endividadas. Além dos fatores relacionados ao difícil momento que o mundo está atravessando, com a pandemia do Covid-19, soma-se a dura realidade de que, no Brasil, não há uma cultura de educação financeira. Você consegue lembrar de alguma aula que mostrou a melhor forma de lidar com o dinheiro?
E nós, que um dia estivemos na escola, e agora com nosso trabalho conseguimos ganhar algum dinheiro, sabemos como investir? Sabemos como aproveitar nossas finanças? Simplesmente não fomos ensinados sobre a diferença entre valor e preço, sobre a importância de poupar dinheiro e gastá-lo com planejamento e sabedoria. Em geral, enxergamos o dinheiro como um meio de sobrevivência e não como uma ferramenta para realizar nossos sonhos. Daí surge a dificuldade em investir em planos a longo prazo, por exemplo.
As novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular apontam o início de um processo de mudança, pois inclui a Educação Financeira como um tema transversal obrigatório a ser abordado em sala de aula. O documento também afirma que as questões de consumo devem ser abordadas em quatro, das cinco áreas do conhecimento. Tais mudanças, se bem observadas, vão possibilitar que o processo que deve começar em casa, ganhe continuidade no ambiente escolar.
Os temas abordados em sala de aula são, de alguma maneira, reproduzidos em casa e, assim, os pais podem se beneficiar e melhorar a saúde financeira da família. Listamos a seguir, quatro dicas interessantes para o professor ensinar finanças em sala de aula. Assim, seus alunos aprenderão que dinheiro pode até não trazer felicidade, mas quando administrado corretamente, evita dores de cabeça e infelicidade.
1) Use e abuse da leitura de materiais que possam fomentar a discussão do tema, sempre respeitando a faixa etária de seus alunos. Nos anos iniciais, as histórias podem ser riquíssimas ferramentas para ensinar, desde cedo, lições relacionadas ao dinheiro.
2) Procure abordar o tema apresentando assuntos práticos e interessantes. Para os alunos dos anos finais, pode ser interessante falar como a educação financeira vai ajudar nos ganhos que eles sonham conquistar no futuro.
3) Incorpore os princípios da Educação Financeira à disciplina que você leciona: embora a relação com a matemática seja mais óbvia, a temática pode e deve ser abordada por outras disciplinas. Se você ensina português, por exemplo, por que não apresentar textos que discutam questões voltadas ao dinheiro? Em filosofia, que tal propor reflexões sobre nossos hábitos de consumo? E por aí, vai! Seja criativo!
4) Nunca deixe de recomendar a consulta de um material complementar: para incentivar seus alunos a se aprofundar nesse tema, é importante sugerir materiais complementares. Com a facilidade da internet, tem para todos os gostos: canais do Youtube, podcasts, livros, apostilas. Mantenha-se atualizado e pesquise sempre!
Saber cuidar do dinheiro e planejar o futuro com consciência são ações que podem modificar a vida de um aluno. Sua missão, enquanto professor, é contribuir dentro de seus conteúdos para criar esta mentalidade e interesse. Sucesso!